Segundo o filósofo Platão, quando os deuses dividiram entre si o mundo, Atena recebeu Atenas, e Posídon a Atlântida, uma enorme ilha do Atlântico, localizada em frente das Colunas de Hércules (habitualmente identificadas com o estreito de Gibraltar).
O deus viveu aí com uma jovem mortal, Clito, de quem teve dez filhos. O mais velho, de seu nome Atlas, dividiu a ilha em dez Estados, que distribuiu por si e pelos irmãos. Com o correr dos tempos, os Atlantes, descendentes dessa primitiva geração divina, foram alargando o seu poder às mais distantes paragens e explorando os recursos naturais da ilha, em cobre, ferro, ouro, e ainda em oricalco, liga metálica de belos reflexos cor de fogo. Com uma terra fértil, uma fauna abundante e um comércio bem desenvolvido, os Atlantes acumularam grandes riquezas e a ilha distinguia-se pelo requinte das suas obras de arte e dos seus monumentos, pela elegância e luxo dos seus palácios, pelas muralhas defensivas de grande porte. Mas, um dia, essa grandiosidade teve o seu fim, imposto pelos deuses como punição pelos vícios a que os habitantes da ilha entretanto se tinham entregado e pelo orgulho desmedido de que davam provas, convencidos da sua invencível superioridade. Por isso, querendo conquistar ainda mais regiões, na África e na Ásia, foram vencidos pelos Atenienses e, pouco depois, na sequência de um violento tremor de terra seguido de maremoto, a ilha foi engolida pelas águas, no espaço de um dia e uma noite, e todas as riquezas pereceram no fundo do mar Atlântico.
A lenda da Atlântida desaparecida tem sido, ao longo dos tempos, uma das que mais curiosidade tem despertado. Os que acreditam que esta história fabulosa tem de corresponder a uma realidade histórica procuram saber qual seria a exata localização dessa ilha fantástica e qual a razão de ela ter desaparecido. Entre as várias hipóteses de localização contam-se as ilhas dos Açores. Quanto às causas do desaparecimento, uma das versões mais correntes é a que associa uma terrível erupção do vulcão da ilha de Tera (hoje Santorini), em finais da Idade do Bronze, de que resultou a perda de uma parte significativa do território da ilha, a esta lenda da Atlântida para sempre submersa. Mas não foi, até à data, possível apurar o que há de fundo histórico (se é que há algum) no mito da Atlântida.