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Dioniso

Dioniso

Dioniso, ou Diónisos, ou Baco, é habitualmente conhecido como o deus do vinho, mas é muito mais do que isso. Era filho de Zeus (Júpiter, para os Romanos) e de Sémele: portanto, como já se adivinha, a história em torno do seu nascimento foi tudo menos simples.
Hera (Juno, para os Romanos) não aceitava as aventuras extraconjugais do marido e, por ciúmes, procurava sempre vingar-se do objeto desses amores. Neste caso, não foi exceção: tomou a forma da ama de Sémele e convenceu-a a pedir ao seu amante que se lhe mostrasse em todo o esplendor divino. A jovem caiu na armadilha, pediu a Zeus que se lhe revelasse no auge do seu poder, e o deus, que lhe havia prometido que nada lhe negaria, teve de cumprir a sua palavra e surgiu envolto em esplendorosos raios, o que instantaneamente a carbonizou. Zeus teve então de, sem perder um segundo, arrancar do ventre de Sémele a criança que ela esperava: Dioniso. Mas o menino ainda não completara os nove meses de gestação, pelo que Zeus o coseu dentro da sua própria coxa para aí acabar a sua formação por mais três meses. Por isso, Dioniso era o ‘duas vezes nascido’.
As irmãs de Sémele, que eram tudo menos solidárias com a irmã, divulgaram a versão de que Sémele tivera um amante mortal e vulgar como qualquer homem, mas que, por vaidade, inventara que os seus amores eram com o pai dos deuses. Na versão das invejosas irmãs, Zeus castigara a ousadia de Sémele por divulgar tal patranha, e fulminara-a. Mais tarde, para vingar a mãe, Dioniso castigou as tias e todos os seus descendentes acabaram envolvidos em episódios de trágico fim.
A fúria de Hera, no entanto, não se saciava facilmente: também perseguia sempre os filhos que Zeus tinha das suas múltiplas apaixonadas. Neste caso, mesmo tendo Zeus, na tentativa de enganar Hera, recomendado ao casal real (Átamas e Ino) a quem confiou a criança que a vestissem com roupas de menina, a deusa descobriu a artimanha e enlouqueceu o rei e a rainha que criavam Dioniso. Zeus teve assim de confiar o filho às ninfas de um país longínquo, e disfarçou-o transformando-o em cabrito, uma vez mais na tentativa de o pôr a salvo da ira de Hera.
Quando cresceu, Dioniso descobriu a videira e o uso que dela se podia fazer. Vagueou pelo mundo inteiro, a espalhar por todo o lado a cultura da vinha e o modo de fazer o vinho, num percurso recheado de aventuras, que incluíram a conquista da Índia, região onde começou a fazer-se acompanhar de um cortejo triunfal constituído da seguinte forma: Dioniso deslocava-se num carro puxado por panteras e adornado com parras e hera; seguiam-no os Silenos (ou Sátiros, seres metade bodes, metade homens) e as Ménades (seguidoras divinas de Dioniso, coroadas de hera, vestidas de véus ligeiros, que cantavam e dançavam em delírio místico), e outras divindades de menor importância. Dioniso empunhava o tirso, bastão enfeitado com hera e pâmpanos (ramos de folhas de videira), e rematado em forma de pinha.
De volta à Grécia, a Tebas, Dioniso criou uma festa em sua honra, as Bacanais: durante a celebração desse ritual, toda a gente, mas em especial as mulheres (as Bacantes) percorriam os campos, gritando em delírio místico, com os cabelos soltos. O rei de Tebas, Penteu, opôs-se à celebração deste rito e, por isso, foi castigado do modo mais cruel: sua mãe, Agave, que era irmã de Sémele e, por isso, tia de Dioniso, tomada do delírio místico da celebração, despedaçou o filho com as suas próprias mãos. Assim vingava Dioniso a calúnia contra sua mãe e a afronta de Penteu, que proibira os ritos.
Depois de muitos feitos corajosos, uns, e poderosos, outros, quando aniquilava aqueles que se lhe opunham, Dioniso conquistou o direito de ascender ao céu e de ver o seu culto reconhecido e aceite em toda a terra. Antes, porém, de se incorporar no Olimpo, Dioniso foi aos infernos buscar sua mãe, para a levar consigo para o céu, onde ela tomou o nome de Tíone.
Já como deus, também Dioniso teve as suas histórias de amor. A mais conhecida é a que o levou a raptar Ariadne, a heroína que, apaixonada por Teseu, lhe ofereceu o novelo que o ajudou a encontrar o caminho de saída do Labirinto de Creta, após matar o Minotauro. Ariadne seguiu Teseu na sua viagem de regresso a Atenas, mas o herói abandonou-a, adormecida e grávida, na ilha de Naxos, onde fez escala. Foi aí que Dioniso a viu: apaixonou-se de imediato, casou-se com ela e levou-a para o Olimpo.
Dioniso simboliza o poder inebriante da natureza e a vida que a anima. Ele foi também considerado o deus protetor da Tragédia e da Comédia, representações associadas à celebração do seu culto.

 

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Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa